Receita vai rastrear brasileiros no exterior em 2026? Fake ou verdade?
- Pontes Vieira Advogados
- há 4 dias
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Por Iure Pontes Vieira — Advogado Tributarista Internacional
Introdução
Nas últimas semanas, circularam em redes sociais e vídeos de YouTube inúmeras notícias dizendo que a Receita Federal passará a rastrear automaticamente, a partir de 2026, brasileiros que moram no exterior e não fizeram a chamada Declaração de Saída Definitiva do País.
Essas manchetes causaram grande preocupação, principalmente entre brasileiros que já vivem fora do país há anos e nunca formalizaram sua saída fiscal. Mas afinal: isso é verdade?👉 Não. Trata-se de uma desinformação. Mas, atenção, pois é necessário entender as consequências de sua saída.
O que realmente aconteceu
A Receita Federal publicou uma nota oficial afirmando que não há nenhum novo sistema de “rastreamento automático” nem nova lei prevista para 2026.
O que existe, na verdade, é algo que já está em funcionamento há vários anos: o Brasil faz parte de acordos internacionais de intercâmbio automático de informações financeiras, como o FATCA (com os Estados Unidos) e o Common Reporting Standard – CRS (com mais de 100 países).
Esses acordos permitem que bancos e instituições financeiras estrangeiras informem às autoridades fiscais brasileiras sobre contas, investimentos e rendimentos de pessoas que mantêm vínculos com o Brasil — inclusive ex-residentes.
E, desde 2025, essa troca de informações começou a aparecer de forma muito mais visível nas declarações de imposto de renda pré-preenchidas.
A novidade prática: declarações pré-preenchidas com dados do exterior
A partir do exercício 2025, muitos contribuintes que utilizaram a declaração pré-preenchida observaram que o sistema da Receita já trazia campos automáticos informando a existência de investimentos financeiros no exterior, inclusive contas bancárias.
Em vários casos:
apareceu a informação de que existe conta no exterior, mas sem o valor declarado;
em outros, o sistema apresentou valores incorretos;
e em alguns casos, os dados vieram com erro de instituição ou país de origem.
Ou seja, mesmo sem rastrear “manualmente” os brasileiros, a Receita Federal já está recebendo informações de contas e investimentos mantidos no exterior — por meio do intercâmbio internacional de dados financeiros.
Isso mostra que o controle já existe e está ficando mais sofisticado. Portanto, não é sobre “rastrear em 2026” — é sobre dados que já estão sendo compartilhados agora.
O que isso significa na prática
Se você é brasileiro, mora no exterior e nunca comunicou sua saída fiscal, o sistema da Receita ainda entende que você é residente fiscal no Brasil.Isso significa que:
Seus rendimentos no exterior podem ser tributados aqui, mesmo que você já pague imposto no país onde vive.
O cruzamento de dados internacionais pode gerar pendências no seu CPF.
E a ausência da Declaração de Saída Definitiva pode resultar em multas ou exigências retroativas de imposto.
Em resumo: O verdadeiro risco não é o rastreamento, é permanecer em situação fiscal indefinida.
💡 Por que o aconselhamento técnico é indispensável
A situação de cada pessoa é única.Fatores como o ano da saída, país de residência atual, existência de conta bancária, investimentos ou imóveis no Brasil influenciam diretamente na forma correta de declarar (ou de deixar de declarar).
Por isso, não existe uma resposta única do tipo “todo mundo deve entregar” ou “ninguém precisa declarar”. É necessário um diagnóstico tributário individual para definir:
se a saída deve ser feita retroativamente;
se é preciso entregar alguma declaração de ajuste;
e como informar corretamente as rendas e patrimônios no Brasil e no exterior.
Esse tipo de análise evita erros, multas e bitributação, e garante segurança jurídica ao contribuinte. Conclusão
A Receita Federal não criou um “novo radar” para 2026 — mas o cruzamento de dados financeiros internacionais já é realidade. O surgimento automático de informações sobre contas no exterior nas declarações pré-preenchidas é a prova concreta de que o monitoramento já está acontecendo de forma silenciosa e constante.
Portanto, o momento é de planejamento e regularização, não de pânico.Quem mora no exterior deve buscar aconselhamento tributário especializado, entender sua condição fiscal e agir de forma preventiva.
Para mais dúvidas, ou caso queira fazer uma consulta tributária, mande mensagem para : iurevieira@pontesvieira.com.br





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